sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Pines of Rome

Como a maioria já sabe, meu último final de semana se passou em Roma e a cidade eterna certamente merece um post temático só seu!

Custei a conseguir uma foto boa!

Parti para a capital italiana no sábado de manhã, depois de sentir mais frio na barriga do que quando vim pra Itália. Afinal, seria a primeira vez que eu iria sozinho para uma cidade desconhecida, ainda por cima dividindo quarto em um albergue com mais cinco pessoas. Olhando pela janela do trem, me lembrei do que é uma paisagem de terreno acidentado, pois já vinha me esquecendo que nem todo lugar é plano como Bologna. A névoa que enfeitava o topo das colinas foi um charme a mais, que não se vê tanto no Brasil. Após chegar à Stazione Termini, corri para o albergue, ansioso pra deixar lá minha mochila e ficar livre para começar a explorar uma cidade que não cabe em quatro dias. Passando pelo centro de informações aos turistas da estação, tive uma surpresa agradável: a entrada para o Fórum Romano e o Palatino era gratuita naquele dia! Eu tinha pensado em visitá-los no domingo, mas quem sou eu pra ignorar um sinal desses? O dia estava razoavelmente ensolarado e a percurso pelos monumentos antigos e jardins foi agradável. Reparei rapidamente no quanto Roma é arborizada e um tipo de árvore em particular me chamou a atenção, inédita para mim, com seu tronco looongo e uma explosão de folhinhas verde escuro no alto... Com a chegada da noite, voltei para o albergue, jantei no seu restaurante mesmo, usei um pouco a internet, conversei brevemente com as duas neozelandesas e americanas que dividiriam o quarto comigo e caí no sono.

Dentro do Fórum Romano, só ruínas.

Pôr-do-sol ao Vittoriano.

No domingo de manhã o sol saiu de vez para me receber e me manteve aquecido durante todo o dia. Fui a um dos pontos da cidade que mais queria conhecer, a Villa Borghese. É um parque imenso, altamente convidativo a turistas com seus mapas, a casais com seus filhos, a atletas com toda aquela disposição e a cães com seus donos. Eu tinha lido no meu guia de Roma (which was really useful by the way, thanks dad!) que a música ‘Pines of Rome’ (‘Pini di Roma’) tinha sido composta por Ottorino Respighi tendo como inspiração os pinheiros do parque e eram exatamente esses os pinheiros que já tinham me cativado no dia anterior. Como já conhecia e adorava a música, não me esqueci de levar o iPod. Pra quem não reconheceu, essa é a música que toca no filme Fantasia 2000, na parte das baleias (lindo também, recomendo!). Achei uma região mais sossegada, apertei play e comecei a caminhar, ‘taking it all in’. Eu sentia como se entendesse perfeitamente as intenções do compositor, aqueles pinheiros mereciam de fato uma música só para eles! Não tentei segurar as lágrimas que surgiram, nem alguns risos de extasia que me vieram. Foi uma sensação maravilhosa, talvez o ponto alto da viagem! Recomposto e encantado, continuei o meu passeio, já com vontade de ao menos dar uma passadinha no parque nos dias seguintes.

Monumento dentro da Villa Borghese, em meio aos pinheiros.

Pino di Roma.

Uma hora, quando estava sentado em um banquinho à sombra, ouvi o remexer de galhos e folhas em uma árvore vizinha. Esperando ver um mico ou sagüi qualquer, fui surpreendido quando vi que se tratava de um esquilo! Foi um daqueles momentos de ‘ó, não to mais no Brasil!’. O resto do dia foi bem mais cheio do que eu tinha imaginado, vi todas as atrações que tinha planejado para domingo e terça! Entre elas, a Piazza del Popolo, Piazza di Spagna, Fontana di Trevi (lógico que eu joguei a moedinha) e o Pantheon. Este último foi outro lugar com algo de especial, a beleza estava na simplicidade e imponência daquele domo, com uma abertura pela qual jorrava uma luz pura e acolhedora.

Piazza del Popolo.

Fontana di Trevi.

Segunda-feira foi o dia reservado ao Vaticano e seus museus. Nuvens e uma chuva rala deixavam brecha para que o sol aparecesse de vez em quando, mas não teve problema, pois boa parte do dia eu estava em ambiente coberto. A Piazza e Basilica di San Pietro são realmente lindas e quantidade de detalhes nas estátuas e adornos me deixou boquiaberto. Na verdade, quando se fala de Itália ‘detalhe’ é uma palavra-chave, porque em todos os cantos tem sempre alguma firula, nos prédios, nos monumentos, nos quadros, tudo. Lógico que no museu do Vaticano não foi diferente, mas dessa vez o excesso de detalhes e a força da simbologia religiosa chegava a ser cansativa. Alguns dirão que eu sou louco ou idiota por isso, mas com certeza o museu não me agradou tanto quanto outras atrações. Inclusive a parte que mais me chamou a atenção lá dentro foi a de arte contemporânea, que se destacava de todo o resto pela simplicidade. Mais tarde, passeei um pouco mais por Roma e sentei no pedestal de um monumento na Piazza Campo de’ Fiori, ao som de uma sanfona que se destinava a um público mais fino, que estava às mesas de um restaurante ali perto. Parecia um momento super italiano! À noite encontrei-me com Tio Ricardo e Tia Ângela para matar a saudade, matar a fome e destrocar os computadores. Foi um pouco surreal estar com meus tios brasileiros em plena Roma, como se fosse um domingo qualquer em Belo Horizonte.

Estátuas enfileiradas em torno à Piazza di San Pietro.

Meu último dia na cidade eterna começou cedo, com uma despedida (ou melhor, um ‘até logo’) na estação, pois os tios começavam a viagem rumo ao sul. Vi mais uns monumentos, mas o que mais me chamou a atenção foi o monumento a Vittorio Emanuele II, ou o ‘Vittoriano’, em homenagem ao primeiro rei da Itália. Meu guia disse que ele é conhecido também como o ‘elefante branco’, pois foi construído com um mármore branco que destoa completamente dos tons pastéis da cidade. Ele é maravilhoso, mais uma vez eu fui fisgado pela simplicidade (e um pouquinho de opulência também). De cima do monumento tive uma visão ótima do Coliseu e depois desci para conhecê-lo mais de perto. Ainda não entrei (isso fica pra próxima, com os tios), mas de fora ele já é maravilhoso.

O Vittoriano.

Detalhe de um dos anjos do Vittoriano.

Coliseu, pra mim todo o charme tá nessa quebradinha que não era pra ter!

Depois de tudo isso, eu já estava pronto pra voltar pra casa. Isso mesmo, me peguei chamando Bologna de ‘casa’, foi estranho quando percebi! Mas realmente, eu já considero essa cidade como minha casa na Itália e é bom ter ao menos esse porto seguro. Na verdade, parece que já sou tão ‘de casa’ que me disseram duas vezes em Roma que eu não tenho sotaque de estrangeiro, mas sim do norte da Itália! E o ego, foi lá em cima ou não?

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Aulas, frio e sushi

Desculpem-me pela ausência de notícias, mas a rotina não me fornece tantas novidades e acontecimentos interessantes. Vou só escrever uma coisinha breve, pra dar um sinal de vida. :P


Até que enfim começaram as aulas que eu realmente devo seguir. Ainda não tenho certeza de quais exames eu vou prestar (aqui você se matricula no exame, não na matéria), mas vou seguindo os cursos até saber. Como eu já disse antes, as matérias que mais me interessam são de um mestrado. Sendo assim, tem pouca gente na minha sala e a maioria não se conhecia previamente (o que é ótimo pra conhecer as pessoas e fazer novos amigos).

Desde que eu cheguei, parece que cada dia fica tipo meio grau mais frio. Só que essa semana resolveram deixar a situação um pouco mais interessante e abaixaram uns 7ºC de um dia pro outro. De quebra, apertaram também o botão de 'chuva incessante' e 'tonalidade cinza ubíqua'. Resultado, tem dia que realmente não dá vontade nenhuma de sair de casa. Em contrapartida, quando tem dia bonito e ensolarado, parece que a gente aproveita ainda mais!

No último sábado fizemos um jantar interessante na casa de um amigo, que consistiu de um brasileiro, um francês e um italiano preparando comida japonesa. Claro que não ficaram lá uma maravilha os nossos maki sushis, mas foi divertido e até gostoso! Mais tarde a gente encontrou uns amigos do italiano e fomos pra casa de uma das meninas (pra variar, estava chovendo). Foi aí que eu conheci o apartamento dos meus sonhos! Pena que eu não tava com a câmera na hora (e mesmo se tivesse, provavelmente teria vergonha de pedir pra fotografar a casa da menina). Mas era um loft super pacato, todo integrado! No andar de baixo, a cozinha era bem aberta pra uma ampla sala de estar/jantar, com vidros compridos e lareira. O banheiro ficava em baixo e uma escada tipo Santos Dumont (a única coisa que eu mudaria) dava pro 'quarto', no segundo piso. O que mais me chamou a atenção foi a ausência de paredes dividindo os ambientes (exceto o banheiro, né). Enfim, super legal. Quero uma assim!


E sábado que vem eu vou a Roma! Tenho planos de conhecer o Pantheon, o Vaticano, a Fontana di Trevi, o Foro Romando e o Palatino, a Villa Borghese, de reencontrar-me brevemente com Tia Ângela e Tio Ricardo e de reunir-me ao meu querido computador veloz e furioso (?), agora com um circuito trocado e funcionando normalmente. Ou seja, o próximo post provavelmente será temático da capital da Itália. :)

sábado, 9 de outubro de 2010

Ampliando os horizontes

Até que enfim, as aulas (meio) que começaram! No entanto, como a graduação no Brasil é mais longa e mais ampla que a Laurea Triennale daqui, eu não pretendo fazer nenhuma matéria do curso di Scienze Biologiche. Em vez disso, acompanharei matérias de pelo menos uma Laurea Magistrale (i.e., mestrado), cujas aulas começam só dia 18. Enquanto isso, pra não ficar parado eu tô fazendo uma matéria do curso de Scienze Naturali, que eu não devo seguir porque é no mesmo horário de uma outra potencialmente mais interessante.

Mas bem, vamos agora à parte boa! Acho válido dizer que o auge da minha semana foi a viagem a Florença, que eu fiz no domingo com um irlandês e uma francesa. Pra início de conversa, foi o meu primeiro trem europeu! E eu comecei bem, porque fui de Freccia Rossa, o primeiro trem de alta velocidade da Itália. Quando chegamos à cidade, lembrei-me que uma certa Paula (e uma certa sua mãe) tinha me dito que Florença era uma das cidades mais bonitas do país e pensei: '...sério?'. O dia estava escuro e nebuloso, o que não favorecia os tons acinzentados do Duomo, das estátuas (são tantas espalhadas pela cidade) e nem o tradicional terracota italiano. Como as filas para entra no Duomo e na Galleria Uffizi eram bem compridinhas, fomos primeiro ao museu Palazzo Vecchio. Muito bonito, mas como eu tava mais ansioso pra conhecer Uffizi e ver se faz jus à sua reputação, não me empolguei muito. Claro que não foi ruim, nos divertimos bastante reparando nas estátuas altamente eróticas e conseguimos apreciar a beleza nos detalhes espalhados por todo lugar.

Antes do sol (Duomo).

Na saída do museu, quem saiu para nos receber? O soool! Booom dziiia soool, booom dziiia viiida! (Bateu uma saudadezinha dos sítios e chácaras onde uns babacas sempre dizem isso.)

Depois do sol (Ponte Vecchio).

Mas sério, a presença do sol mudou completamente o dia. Os edifícios ficaram mais bonitos, os violetas e verdes da vegetação que margeia o rio Arno se destacaram ainda mais. Atravessamos a Ponte Velha (il Ponte Vecchio) e fizemos uma parada para comer lasanha e tomar um bom vinho da casa. Chique, né? Mãe, acho que quando eu voltar eu te acompanho no vinho! O melhor do dia veio em seguida, o Giardino di Boboli. Se trata de um jardim imeeenso, cheio de fontes, estátuas e ambientes diferentes. É tão grande que consumiu todo o tempo que tínhamos ao sol, Uffizi e Duomo ficaram pra próxima volta. Um sorvete delicioso, um pôr-do-sol ao rio Arno e um pouco de comida chinesa depois, embarcamos no trem de volta para a cidade dos pórticos. Claro que tinha uma brasileira no nosso vagão, não me surpreendo mais.

 Vista do Giardino pela entrada, lindo!

Firenze, a feia. 

Tem mais fotos no meu Facebook, essas aqui são só pra dar um gostinho!

Entre outros eventos relevantes da semana, estão: aula grátis de salsa em uma boate, uma noite de muita comilança na casa de amigos (tiramisu, penne à falsa carbonara, torta de maçã com nozes e um doce francês de nome impronunciável), novas pessoas e mais boates. Teve também a festa de San Petronio, o padroeiro de Bologna, no dia 4 de outubro. Teve comida e bebida grátis na Piazza Maggiore, assim como shows e fogos de artifício. E num é que essa festa é meio que importante, a galera caprichou nos fogos! Desses eu não tenho fotos, vou tentar pegar o vídeo que minha amiga fez. E essa semana eu comprei minha passagem para PARIS, a cidade maravilhosa onde eu serei hospedado gratuitamente, reencontrarei Djodjó e comemorarei meu aniversário com muita classe (tudo bem que eu vou no dia seguinte, mas Paris não precisa saber disso.)!
 
Pra finalizar, acho válido dizer a todos que eu fiz arroz de novo e ficou bom. Nem queimou o fundinho nem nada, pra um arroz bege tá até gostoso! Depois eu me aventuro com outras receita, uma coisa de cada vez.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O primeiro arroz nunca se esquece...

Acabo de preparar o meu primeiro pseudo-almoço talvez brasileiro! Fotchenha:

Arroz, carne moída e salada!

E juro que não ficou tão ruim! Se o arroz fosse branquinho (a embalagem maldita me enganou), teria ficado quase bom!
(Agradecimentos à Djodjó pelo fornecimento da sua versão de "Cooking for Dummies: Rice".)

Fora isso, não tenho tantas notícias interessantes (sim, o meu primeiro arroz É interessante), vou tentar citar algumas. Encontrei-me com o tal coordenador do intercâmbio. Como já me haviam dito, a participação dele na nossa vida acadêmica se restringe a assinar um certificado de que eu superei meus exames, no final do semestre. Bem, pelo menos agora eu sei onde é a sua sala! Eu e o chinês (que se chama Yalun) unimos nossas forças para cozinhar um jantar east meets west: do lado oriental uma carne de porco frita com alguma sementinha gostosinha; do lado ocidental, spaghetti ao sugo (foi ele quem pediu!). Comi no bandejão italiano, a Mensa, que é mais chique, mais caro e tem comida mais gostosa que o do Brasil.

Uma foto que eu tirei de dentro da Mensa. Juro.

A lista de preços do Mensa. Meu almoço: um Primo Piatto, um Secondo Piatto e uma garrafinha d'água = €5,07.

E quarta-feira na boate VIP Room é "Mercoledì Internazionale" e adivinhem qual país serviu de tema para a festa dessa semana? Isso mesmo, aquela terra que tem palmeiras, sabiás, flores e amores. E adivinhem também o que isso significou? Sim, sim, mulheres e homens seminus, dançando um pouco de samba e muito axé, alinhando-se para descerem juntos até o chão e fechando a apresentação com uma brasileiríssima fila de conga. Engraçado era ver a cara de alguns gringos, que tinham dificuldade de esconder o espanto com a cultura brasileira. Mas o mais divertido da noite foi quando descobri que a boate tinha uma 'sala latina' onde tocava reggaeton e bachata, entre outros ritmos que faziam meus semi-conterrâneos remexerem el corpitcho. Não resisti e me juntei aos hispanohablantes!

Por fim, como eu já havia prometido a algumas pessoas, estão aqui algumas fotos do meu apartamento novo:

Meu cantinho.

 Cantinho do chinês.

Uma parte do banheiro. Aquela coisa bizarra na privada é uma espécie de bidê. 

Cozinha [1]. 

Cozinha [2]. 

Foto artística pra finalizar o post, aê!